tag:blogger.com,1999:blog-37381382756486921412024-03-13T14:44:18.331-03:00A DibukA queda, em si mesma, contém a ressurreição. (O Dibuk, ATO I)Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comBlogger76125tag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-4440923788535076722010-04-30T02:54:00.010-03:002010-04-30T03:30:07.417-03:00Vivendo de outras vestimentas<div style="text-align: justify;"><span style="font-family:verdana;"> <span style="font-size:100%;"> Sinto que A Dibuk de mim foi parasitar n'outro espírito. Dessa ausência, outras inquietações entraram em ascenção. Não decidi abandonar as publicações neste endereço, a vida é quem tomou partido. E, de repente, quatro meses se passaram sem qu'eu desse as caras por aqui. O hábito de escrever diários também se encarregou de me desviar a veia literária.</span></span><span style="font-size:100%;">
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</span><span style=";font-family:verdana;font-size:100%;" > </span><span style="font-size:100%;">
</span><span style=";font-family:verdana;font-size:100%;" > Embora eu continue fugindo das vitrines, 'inda gosto de andar nua por aí:</span><span style="font-size:100%;">
<span style="text-decoration: underline;">
<a style="color: rgb(255, 102, 0); font-weight: bold;" href="http://rebeccaloise.blogspot.com/"><span><span style="font-family:verdana;">De sóis noturnos</span></span></a>
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</div><span style="font-family:verdana;"> </span>
<span style="font-family:verdana;"> </span>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-69345063569602528632009-12-27T07:30:00.005-02:002009-12-27T07:39:55.051-02:00O meu vício em romances ingleses obscenos<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify"><span style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"><span style="font-size:100%;">“Ergueu o vestido de Constance acima dos seios e os beijou suavemente, sugando os bicos retesados.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify"><span style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"><span style="font-size:100%;">-- Ah, Que bom, como é bom! – murmurou de súbito, esfregando o rosto em seu ventre com prazer.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify"><span style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"><span style="font-size:100%;">Constance passou o braço ao redor do corpo dele, sob a camisa; mas tinha medo daquele corpo esbelto, liso e nu, que parecia tão possante; tinha medo de seus músculos violentos. Tinha medo.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify"><span style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"><span style="font-size:100%;">Quando ele lhe disse, quase num suspiro, “Como é bom!”, qualquer coisa em Constance arrepiou-se e qualquer coisa em seu espírito retesou-se, pronta para a resistência – resistência àquela terrível intimidade física e à pressa de posse do macho. E dessa vez não se atordoou no êxtase agudo de sua própria paixão. Permaneceu alheia, com as mãos inertes ao redor do corpo do homem em movimento; e, por muito que fizesse, não podia evitar que seu espírito analisasse com frieza o que se ia passando; o movimento de vaivém daquelas coxas lhe parecia grotesco, como lhe pareceu risível o frenesi do pênis afobado ao chegar à sua pequena crise de ejaculação. O amor, então, aquilo? Aquele sobe-e-desce de nádegas? Aquele entra-e-sai do pobre pênis pequenino, insignificante, úmido? Amor, o divino amor! Afinal de contas, os modernos tinham razão em seu desprezo por essa comédia, porque aquilo era uma comédia. Bem dizia o poeta: “O Deus que criou o homem devia ter um sinistro senso de humor, para fazer dele uma criatura de razão e ao mesmo tempo obrigá-lo a essa postura grotesca – e também impeli-lo a, cegamente, desejar tão ridícula comédia.”<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify"><span style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"><span style="font-size:100%;">Frio, irônico, seu curioso espírito de mulher ficava alheio àquilo e, embora se conservasse perfeitamente imóvel, seu instinto a impelia a se erguer, escapar do homem e fugir àquele braço e às estocadas de pilão das ridículas ancas que a cavalgavam. Aquele corpo de homem era uma coisa absurda, desagradável, inacabada, impudente, grosseira. Quando a humanidade fosse mais evoluída, teria de suprimir tal comédia, eliminar semelhante “função”.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify"><span style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"><span style="font-size:100%;">E, apesar disso, quando Mellors acabou e ficou em cima dela, tranqüilo e silencioso, num afastamento estranho, longe, tão longe dela, Constance começou a chorar em sua alma. Sentia-o refluir, refluir para longe dela, e abandoná-la como um seixo na praia. Mellors retirou-se, abandonava-a <?xml:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><st1:personname st="on" productid="em esp■rito. Ela">em espírito. Ela</st1:PersonName> o sentiu.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify"><span style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"><span style="font-size:100%;">-- Dessa vez falhou – disse ele. – Você esteve ausente.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify"><span style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"><span style="font-size:100%;">Ele havia percebido! E ela chorou mais forte.”<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify"><span style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"><o:p><span style="font-size:100%;"> </span></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify"><span style="FONT-SIZE: 10pt; FONT-FAMILY: Verdana"><span style="font-size:100%;">Página 211-212, O amante de Lady Chatterley – D. H. Lawrence.<o:p></o:p></span></span></p>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-47839530075906039362009-12-15T14:30:00.003-02:002009-12-16T11:12:07.998-02:00Falsa Valsa<span style="font-family:Verdana;"><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:Verdana;font-size:10;"><span style="font-size:100%;">Tu confundiste os murros que dei na tua porta com a tua música que atingia, inclusive, os ouvidos do mendigo da calçada em frente à tua janela. Então, a cena: tu dançavas a valsa da vida enquanto eu socava a porra da madeira que impedia os meus olhos de se estenderem ao desatino dos teus. <?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:Verdana;font-size:10;"><span style="font-size:100%;">Desde o primeiro momento em que eu resolvi te reparar, tua face pálida já condenava o teu sangue deficiente & opaco. Contudo, eu tenho o costume repulsivo de investigar o que excita o meu ódio. A faculdade da razão é condecorada somente nas situações em que a possibilidade de transgressão adverte o maior perigo. Fora esta condição, viver não passa de um acaso desmerecido. Em outras palavras, eu sinto fome da tua falta de fome. Construo uma pré-realidade, que não pode ser entendida invenção por justamente ser capaz de me saciar os ânimos como se numa sublimação, ao sonhar o pincel revelando a mentira do teu sistema nervoso. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:Verdana;font-size:10;"><span style="font-size:100%;">Quero te ver ruborizar inteiro mesmo que para isso eu tenha que cometer o ato pueril de atribuir à tinta guache a função de sangue vivo. No entanto, guardei esta pré-realidade embaixo do travesseiro das insônias porque, escuta bem, já faz um tempo que o vermelho escorre das minhas mãos <?xml:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><st1:personname productid="em punho. Tu" st="on">em punho. Tu</st1:personname> sabes da merda que fizeste ao confundir os murros que dei na tua porta com a tua música que tocava alto, muito alto? Aposto que se tu tivesses me notado ali, quase desmontando a porta & a mim, tu poderias ruborizar essa tua cara nem que fosse por medo de mim. Nem que fosse por um ato de lamento à minha mania de lidar com o hoje unindo as minhas definições dicotômicas de pré-realidade & pós-realidade. A minha vida não cabe na seqüência patética dos pulmões: a minha vida não inspira para expirar e assim sucessivamente. Ou eu vivo numa espécie de vômito ou vivo asfixiada. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:Verdana;font-size:10;"><span style="font-size:100%;">Eu queria fazer brotar na tua pele a sensação de incêndio. Eu queria que tu sentisses todas as realidades fincadas na tua cólera de se saber vivo. Porque viver dói, meu amor. Não se dança a valsa da vida, dança-se a falsa vida que nos toma entorpecendo os detalhes reais. E eu não sei mais sobre o que escrevo. Peço, por fim, que tu desculpes a minha coragem de ser & que tu continues infiltrado na tua música ensurdecedora. Guardarei o pré-amor por ti junto à pré-realidade: embaixo do travesseiro das insônias.<o:p></o:p></span></span></p></span>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-40856071769587089072009-11-12T12:29:00.007-02:002009-11-12T20:47:28.546-02:00Feitos da mesma carne<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvdtVDDqyAod_h6Qp6e2Db8tQZZnoc1oRu37s-YJYpsRB0Bmf74j2O4WXBkjKRyAGhXDYukFIYn9Q6Oa7oVE04lDCUm9c9mpicDvocufkXOl7SP2hg02M405NfX99XreuZhiJpH_UP2oc-/s1600-h/kahlo_387.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5403224160690045826" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 244px; CURSOR: hand; HEIGHT: 326px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvdtVDDqyAod_h6Qp6e2Db8tQZZnoc1oRu37s-YJYpsRB0Bmf74j2O4WXBkjKRyAGhXDYukFIYn9Q6Oa7oVE04lDCUm9c9mpicDvocufkXOl7SP2hg02M405NfX99XreuZhiJpH_UP2oc-/s320/kahlo_387.jpg" border="0" /></a><em><span style="font-size:85%;"> <span style="font-family:verdana;"><strong>(Diego e eu -</strong> Frida Kahlo, 1949<strong>)</strong></span>
</span></em></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-29315155727927338032009-11-09T23:47:00.008-02:002009-11-10T00:05:20.041-02:00E se tu me (...)<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Eu queria me inventar outra para que tivesses em mãos uma coisa certa e calma. Diferente do destrambelhado funcionamento dos meus pensamentos fluidos, da desorientação dos meus olhos de veias vinho-chassis bem delineadas, do preparo do avesso que em vão tento para te receber. Talvez tu devesses captar o grosso que me custa para então sorrir. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Não é tão pura a manhã da minha janela. Aliás, saibas tu que manhãs que me dão calafrios. Detesto que o mundo combinou o sol do leste com o despertar do que é vivo. É ofensivo dividir o que se é com toda uma conspiração de humanos, prédios, carros, fábricas indo e vindo e sendo. Embora, sim, o maior castigo seja o enfrentamento que se força à manhã e reconhecer nisso tudo a impossibilidade do toque. Eu não possuo a manhã. Tampouco o contrário. Somos, a manhã & eu, inimigas mútuas em presença. (E fãs cegas uma da outra em ausência.) </span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Hoje sinto vontade de me maquiar para ti, mas estou sem olhos. E se tu me emprestasses os teus?</span></div><div align="justify"><span style="font-family:Verdana;color:#999999;">Sou a mitologia de deuses mortais & anti-heróis.</span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-87048505393376104862009-09-25T06:40:00.008-03:002009-09-25T08:30:05.883-03:00Catarse & Catarro<div align="left"><span style="font-family:verdana;">Com a fúria dos dedos </span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Quebrei o esmalte cor tomate </span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">No chão de madeira.
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">.............................................
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Esfreguei, então, a minha pele </span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Branca do rosto </span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">& os cabelos ruivos </span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">No catarro sanguíneo da Impala:
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</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">O purgatório das horas maquinadas </span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">À catarse reversa
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;">De mim.</span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-83520127584238744542009-09-15T11:57:00.005-03:002009-09-15T12:10:02.477-03:00Reconhecimento do amor<div align="left"><span style="font-family:verdana;">"(...)</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Descansei em ti meu feixe de desencontros</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">e de encontros funestos.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Queria talvez - sem o perceber, juro -</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">sadicamente massacrar-se</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">sob o ferro de culpas e vacilações e angústias que doíam</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">desde a hora do nascimento,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">senão desde o instante da concepção em certo mês perdido na História,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">ou mais longe, desde aquele momento intemporal</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">em que os seres são apenas hipóteses não formuladas</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">no caos universal</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">_______________________________</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Como nos enganamos fugindo ao amor!</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">sua espada coruscante, seu formidável</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">poder de penetrar o sangue e nele imprimir</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">uma orquídea de fogo e lágrimas.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Entretanto, ele chegou de manso e me envolveu</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">em doçura e celestes amavios.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Não queimava, não siderava; sorria.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Mal entendi, tonto que fui, esse sorriso.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Feri-me pelas próprias mãos, não pelo amor</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">que trazias para mim e que teus dedos confirmavam</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">ao se juntarem aos meus, na infantil procura do Outro,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">o Outro que eu me supunha, o Outro que te imaginava,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">quando - por esperteza do amor - senti que éramos um só.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">_______________________________</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">(...)</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Levou tempo, eu sei, para que o Eu renunciasse</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">à vacuidade de persistir, fixo e solar,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">e se confessasse jubilosamente vencido,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">até respirar o júbilo maior da integração.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Agora, amada minha para sempre,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">nem olhar temos de ver nem ouvidos de captar</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">a melodia, a paisagem, a transparência da vida,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">perdidos que estamos na concha ultramarina de amar."</span></div><div align="left"><span style="font-family:Verdana;">_______________________________</span></div><div align="left"><span style="font-family:Verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Verdana;">In <em>Amar se aprende amando</em>, Páginas 13-15, Carlos Drummond de Andrade.</span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-5444879305081969482009-09-15T01:40:00.003-03:002009-09-15T01:47:38.945-03:00Charm'erda<div align="left"><span style="font-family:verdana;">Da janela,
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">o meu nome atravessa.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Da cama,
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">os olhos acalentam o ambiente externo.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Não vejo nada além
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">de rua e calçadas devotas ao frio.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Os ninguéns que cantam as sílabas
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">tão sabidas por mim.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Desisto do destrambelho
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">que devora os ossos de um búfalo morto.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Viver para quê, pergunto.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Convertem a questão num eco,
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">tenho então resposta.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Desdizer é tão mais sábio que filosofias de séculos
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">romantizados anos-luz.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Se eu me chamasse Conceição,
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Seria negra & corpo.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Viveria de esquinas escuras
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">& de circos sem palhaços.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Função: embebedar de porra
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">As bocas masculinas.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Nunca ser capaz de gestar humano nenhum.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Mas, inclusive, fazer ninho do desespero
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Com a coragem desfalecida de rumo padronizado.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Esse hospício que ganha versos
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">É feito de cidades-estados
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">De manchetes dos jornais de merda.
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Espetáculos dos dinheiros higiênicos!
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Que absorvam suas tolas almas
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">com o humor negro
</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">de uma poesia <em>anacristinacesariana</em>.</span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-92020709674807327522009-09-15T01:24:00.006-03:002009-09-15T01:31:23.215-03:00Não contavam com a minha astúcia!<div align="left"><span style="font-family:verdana;">Tornei-me também uma Chapolin Colorado: </span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"><em>Sigam-me os bons</em>!</span> </div><div align="left">
</div><div align="left"></div><div align="left"><a href="http://twitter.com/rebeccaloise"><span style="color:#ff9900;">http://twitter.com/rebeccaloise</span></a></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-42102280499462816492009-09-10T01:02:00.005-03:002009-09-15T12:22:30.535-03:00Sonhei com a Lou<span style="font-family:verdana;">...e foi como Rilke retratou: <em>"És meu dia de festa. Quando te encontro em sonho, sempre tenho flores nos cabelos”.</em></span>
<img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5379685111683784082" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 253px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUhCXo0d6KDP42lwhaOJ_Gfd0at-CyRMDNagLkdWb4RcuRLjkGDwFiQskOo9GswDQ9YuwwcPrTg80nFX04bXy09eEk098I6VSsrx4PtCd172HgCa2B3uXvki0Ee7rDI1hVyS-vVdw1dv2K/s320/Lou+Salom%C3%A9,+Paul+R%C3%A9e+e+Nietzsche.jpg" border="0" />
<p align="center"><em><span style="font-family:verdana;">Lou Salomé, Paul Rée e Nietzsche</span></em></p>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-12123139137762249752009-08-13T09:57:00.003-03:002009-08-13T10:14:46.204-03:00Café derramado<span style="font-family:verdana;">Quero ser Chico.</span>
<span style="font-family:verdana;"></span>
<span style="font-family:verdana;"></span>
<div align="justify"><span style="font-family:verdana;"><em>"Não sei por que você não me alivia a dor. Todo o dia a senhora levanta a persiana com bruteza e joga sol no meu rosto. Não sei que graça pode achar dos meus esgares, é uma pontada cada vez que respiro. Às vezes aspiro fundo e encho os pulmões de um ar insuportável, para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da doença e da velhice, talvez minha vida já fosse um pouco assim, uma dorzinha chata a me espetar o tempo todo, e de repente uma lambada atroz." </em></span></div><div align="justify"><em><span style="font-family:Verdana;"></span></em> </div><div align="justify"><em><span style="font-family:Verdana;">BUARQUE, Chico. Leite Derramado, I0.</span></em></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-25665462211391918242009-07-31T13:14:00.005-03:002009-07-31T13:16:59.261-03:00Birds; also: Birds, Fish-Snake and Scarecrow<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2G_GkeFifJiViN-JwVIS100RdwuixIwdCpMcJYlpwxu8uwZkFEX4B4W5BFSDMyxxDt88vnA_tL1Dr3W_tORuU7er_ISNy6Vkk2Ap42G_BhczUxMNRlYmkvvOIPW3uOK6MsZ36_WuyLJBy/s1600-h/Birds,+Max+Enerst.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5364658520229613218" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 297px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2G_GkeFifJiViN-JwVIS100RdwuixIwdCpMcJYlpwxu8uwZkFEX4B4W5BFSDMyxxDt88vnA_tL1Dr3W_tORuU7er_ISNy6Vkk2Ap42G_BhczUxMNRlYmkvvOIPW3uOK6MsZ36_WuyLJBy/s320/Birds,+Max+Enerst.jpg" border="0" /></a> <em>(Max Ernst, 1921)
</em></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-55844381937646704672009-07-31T12:37:00.005-03:002009-07-31T13:00:12.627-03:00No copo, água mineral fluoretada e litinada ao invés de.<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">É possível, como num narcisismo crônico, olhar-se existindo quando os meses eram de data distante e, nesse influxo da memória, reconhecer-se no outro que ainda se é para, depois, abraçar com os olhos o espelho daquela dor?</span></div><span style="font-family:Verdana;"></span>
<span style="font-family:Verdana;"></span>
<div align="left"><span style="font-family:Verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Verdana;">(eu sou feita do sopro do vento)</span></div><span style="font-family:Verdana;"></span>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-83954163760110468942009-07-31T12:21:00.003-03:002009-07-31T12:29:33.034-03:00Terça-feira, 29 de Julho de 2008<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Censurei as muitas cadeiras sendo livres, o maior número de mesas reinando apenas um ou dois casais de garrafas de cerveja, os garçons conferindo as unhas ou agarrando o cansaço de não ir e vir com cardápios, pedidos, copos, cinzeiros e porções ao cruzarem os próprios braços. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Havia toda uma desventura em existir naquele domingo de inverno antártico, numa Augusta carnavalizada por desapegados enjaulados em raízes d’alma, amanhecendo a perdição nos balcões desesperados por lucro – o meu infortúnio abrindo e fechando os caixas. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">E censurei alguns rostos que se portavam fielmente à altura da incompreensão de meus olhos ou do escândalo da freqüência dos cigarros na minha mão seguida do pulso sem o peso do relógio. A mão que não fossem o teu mindinho e polegar maiores ou não fosse o meu dedo médio avantajado seria de dimensão idêntica à tua, e os cigarros que não fosse a prontidão do isqueiro que me presenteaste seriam acesos pela combinação gás e faíscas de meu fogão. É certo – e moralmente inadequado – que continuo a desvida de meu tabaco por ti, mas tu pouco fazes noção que a minha ida à cozinha por suplício à ardência da chama era a esperança de me esbarrar contigo pelo corredor.</span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-66415310400556950332009-07-31T12:03:00.003-03:002009-07-31T12:15:17.909-03:00Incompatibilidade de Gênios<div align="left"><span style="font-family:verdana;">''Dotô, jogava o Flamengo, eu queria escutar.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Chegou, mudou de estação, começou a cantar.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Tem mais: um cisco no olho, ela em vez de assoprar, sem dó falou que por ela eu podia cegar.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Se eu dou - um pulo, um pulinho - um instantinho no bar...Bastou! </span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Durante dez noites me faz jejuar!</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Levou as minhas cuecas pro bruxo rezar!</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Coou meu café na calça prá me segurar! </span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Se eu tô devendo dinheiro e vem um me cobrar...</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Dotô, a peste abre a porta e ainda manda sentar!</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Depois, se eu mudo de emprego que é prá melhorar, vê só, convida a mãe dela prá ir morar lá!</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Dotô, se eu peço feijão... ela deixa salgar.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Calor, mas veste o casaco prá me atazanar!</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">E ontem, sonhando comigo, mandou eu jogar no burro...</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">E deu na cabeça a centena e o milhar!</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Ai, que-ro-me-se-pa-rar"</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"><em>(João Bosco e Aldir Blanc, 1976)</em></span></div><div align="left"><em><span style="font-family:Verdana;"></span></em></div><div align="left"><em><span style="font-family:Verdana;"></span></em></div><div align="left"><span style="font-family:Verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:Verdana;"><strong>Incompatibilidade de Gênios: o meu com o do mundo.</strong></span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-75677332139918179682009-07-09T03:15:00.009-03:002009-07-12T02:02:55.865-03:00Envelope eletrônico para Luís Lima<div style="TEXT-ALIGN: justify;font-family:verdana;" ><div style="TEXT-ALIGN: right"><span style="font-family:verdana,sans-serif;"><span style="font-size:85%;"><span style="FONT-STYLE: italic">"melhor viver, meu bem, pois há algum lugar em que o sol brilha pra você
</span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: right"><span style="font-family:verdana,sans-serif;"><span style="font-size:85%;"><span style="FONT-STYLE: italic"></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: right"><span style="font-family:verdana,sans-serif;"><span style="font-size:85%;"><span style="FONT-STYLE: italic"></span></span></span> </div><div style="TEXT-ALIGN: right"><span style="font-family:verdana,sans-serif;"><span style="font-size:85%;"><span style="FONT-STYLE: italic"></span></span></span> </div><div style="TEXT-ALIGN: right"><span style="font-family:verdana,sans-serif;"><span style="font-size:85%;"><span style="FONT-STYLE: italic">chorar, sorrir também e dançar... dançar na chuva quando a chuva vem"
</div></span></span></span><span style="font-family:verdana,sans-serif;"></span><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-family:verdana,sans-serif;"></span>
<span style="font-family:verdana,sans-serif;">
</span>
<span style="font-family:verdana,sans-serif;">Cordão umbilical une a certeza de almas para sempre. E, sabe, acho que temos, você e eu, coração-bilical. Ou algo que o valha e que sirva pra dizer sobre a posse de um 'coiso' que pulsa a mesma alegria de viver e de morrer & todos os outros fundos dos mundos. </span>
<span style="font-family:verdana,sans-serif;">Meu grande pequeno Lu de lua e Lu de luz, tão energia pululante, tão crescente, tão minguante, tão cheio, tão novo (& velho). O Lu do aniversário de dezessete anos que eu deixei pra lá pra me desculpar os pecados indo à aula que de nada valia. Nem nunca valeu pois sempre o que vale é o que é capaz de entrar em sintonia. E tudo volta pra ti e pra mim. É sintonia incrível num universo paralelo do Tim. Sim, sintonia sem fim: assim - quase indecifrável e quase indescritível se não fôssemos poetas. Não obstante, já que o somos, inventamos além do que no real cabe pois sabemos que nunca suportaremos o que cabe tímido nas horas, nos ternos, nas imagens em movimento. Caber o que foge os sentidos nos é destino desde que ser é sendo e que sendo acabamos no somos do cosmos. </span>
<span style="font-family:verdana,sans-serif;"></span>
<span style="font-family:verdana,sans-serif;">O que quero que teus olhos me aconteçam como ponte para o surrealismo do teu aparelho pensante & almístico é justamente que o amor que você, neste exato instante, caminha com os teus 360º das pupilas é muito maior aqui - de célula em célula - sendo, quando ele só é. Por isso, peço - escorregando em gotas - que não pare a dança. Que exista nos mesmos quatro céus que o meu grito rebelde porque desse modo posso com a fossa sul-matogrossense (essa faz rima, ironia!, com circense), paulista, curitibana, pré-parisiense.</span>
</div>
<div style="TEXT-ALIGN: justify">
</div><span style="font-family:verdana,sans-serif;">
</span><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="font-family:verdana,sans-serif;">(te amo tanto que só dói porque é bonito em covardia - de tão muito, assaz e em demasia)</span></div></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-13576333330439130522009-07-02T15:32:00.001-03:002009-07-02T15:36:29.617-03:002 & 3<div align="left"><span style="font-family:verdana;">O punho no duro da mesa
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">E a pétala morta cai de cabeça
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Se gravidade tivesse altura
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">A rosa ainda vive na angústia
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">'Que sem água existe às avessas
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Sendo mistério p’ro detetive das certezas
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Outro sem por que
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">É o início dos indícios
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Que pra ela é discurso depois luxo
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">E pra ele é de nota sem papel
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Sanfona indo e vindo p’ras cinturas do bordel
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Satírica, lírica, quase sacra e estúpida
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">É a poesia que serve de broquel
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Do ar pulmões e alvéolos
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Dos dedos corda e véu
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Da voz o que vem sai de mim feito fim
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Que sem sim é assim
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Meio não, meio de sentimento em gira-pião
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Que tonteia em função de sentimento
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Que direciona os olhares vesgos no segundo lento
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">O que é morrer para viver
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Se a vida endurece se o tempo,
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Ao invés de parar, só faz correr?
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">O que é a vida do ser
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Se não se é só
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Se só se é dois e três?</span>
</div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-22508916413399780332009-06-12T18:18:00.003-03:002009-06-12T19:28:58.281-03:00De mim<div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Rasgo o maço de cigarros já aberto com primazia & esperança. Era necessário que a surpresa que eu viria a suspirar constasse um pouco ou mais de três ou qualquer número ímpar de cigarros que me satisfizesse suficientemente para continuar a ainda tentativa de prosar o que dentro pede vida em linhas.
</span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">-- A conta não levou em consideração o cigarro que fumava a si mesmo no cinzeiro.
</span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Sinto como se esta ponte verborrágica esteja sendo o primeiro gozo trazido de uma enferma inspiração. Quiçá os ponteiros marcando uma madrugada infante estejam me excitando um temor que eu sabia que me acompanharia nessa dinâmica <em>solitaire</em>. A dialética simplicidade comprando briga com a câmera ardente dos olhos de meus pulmões tão e miseravelmente poéticos. E quem foi que disse que poesia era coisa simples.
</span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Não duvides tu que eu não seja a mulher das flores. Entretanto, que fique desenhada à lâmina a mulher que supõe a paz de espírito no momento em que mãos masculinas a levarem ao jardim. Pode parecer ingrato o meu sorriso não ser capaz de servir agradecimento perante a sinceridade de pétalas, mas, te digo, sempre ensaiei esses meus cabelos longos de modo que transpareçam a meiguice que inventei de mim. Algo como se fossem fios de uma vaidade de camponesa, a dona das manhãs invertidas que agüenta o sangue nas veias no campo, era uma vez. E pensar que quando fomos (de ser) tantas - que poucas - vezes, tu não me indicaste a placa-mãe de <em>sejas como és</em> e, talvez por isso, tu próprio não saibas lidar com tua fome inata (que prezo, que quero presa). Se parto dessa premissa última, posso até com o perdão a ti - que te mostras um mosaico sabido de homem, carne, tempo e páginas rimadas. Essa tua rotina de me agradar com broche de flor azul-marinho, cartas inesperadas em folha rosa-ballet, adesivos pueris, número de porcelana servindo de metáfora literária e também de analogia ao primeiro toque ontológico de uísque de tu em mim e de mim em ti na esquina de nossa casa me deixa impotente a seguir me sendo. (De nossa casa, de nossa casa, de <em>nossa</em> casa.) É cômica e de uma aparência corrompida a distância que se deita entre o teu leito da Augusta e o meu da rua Antônio Carlos. Para não dizer patética, pois. Que, nesses dois anos respirando pela ajuda do coração do Diabo de São Paulo, é imbecil o destino por não ter produzido uma troca nossa de sentidos na fila do cinema Unibanco ou Belas Artes, na livraria, no sebo, nos bares da solidão ou mesmo nas mesquinhas & indolentes faixas de pedestres da Avenida Paulista. Não sei dizer se minhas mãos de piano sonharam com a textura da tua barba de tímidos pêlos brancos. Em contrapartida, posso rigorosamente dissertar que teus olhos de vidro me comendo naquele sábado de mágoas me foram palco de insônias de inverno durante a minha marcada adolescência. Os meninos do colégio nunca me acalmaram o grito rebelde, tampouco as meninas doces de vulvas rosadas. Procurei desesperada e por becos de túneis – feito filha de cigana que sempre almejou o além da liberdade do berço que lhe deu cuidado transviado -, o dicionário dos rapazes de camisa xadrez, das revoluções políticas e da poesia romântica & exaltada que eu lia nos livros roubados da biblioteca.
</span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">A lágrima piedosa desce feito navalha no branco do meu rosto quando levo a cabo que todos esses meus pecados de menina sem futuro revelam que o que o meu agora cruento quer no calendário são os teus ossos pesados fazendo amor no escuro com as minhas narinas alargadas. No escuro. Arrebentando-me a tez apática de não saber amar e estar pesadamente fadada a não saber ser amada.
</span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Pobre de mim de mim de mim de mim de mim de mim, Dimitri, que ao negar introspecção da fala de sondagem psicológica reino, aos tropeços ritmados pelo silêncio que te/me sufocam os fins noturnos, a camada tênue do sonho-pesadelo. As minhas palavras combatendo às suas próprias significações literais são fracassadas por dançar o sentido que não bate nunca à porta. A minha testa clama ser quadro impressionista quando se põe, assim, em rugas de uma velhice de dezenove anos tão coitada, tão cansada de denunciar a renúncia de existir a dois. Quem sabe quando tu cavares no meu ventre alguma podridão que te seja característica, eu encontre, enfim, a permissão de dar a luz ao meu eu <em>mefistofelesmente</em> verdadeiro. E, por favor, não te assusta. Que, juro, o monstro de mim tem a delicadeza dos ventos de outono & assovia notas tristes nas calçadas do teu país.</span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-4694157015343858572009-05-31T11:55:00.008-03:002009-05-31T12:44:14.630-03:00Outra Carta ao Absurdo<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">a manhã de hoje, no sentido da janela e depois cortina para então matizar os lençóis de ressaca da minha cama, foi vermelha. e é tua a culpa da hemorragia. também de Chico, que cantava as saudades e os pedaços quando tuas palavras de confortar vigília antiga brotaram na tela seca do celular. vermelho é cor de perigo e de desejo (e o meu épico amor por precipícios). sei que a regra é o desapego (''São Paulo, transição, antigamente eu era o Tomas escrito e encarnado, feriados & Rio de Janeiro, família, tia, almoços de domingo na Liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, a insustentável leveza do ser''), mas acho que começo a fabricar desenhos antropomorfos na fotografia da memória. (fica de aviso e servindo de uma desculpa tua pr'um sumiço qualquer). animais em homens, o instinto tomando forma. entretanto, que fiquem as linhas feito Montrachet, tragadas & (engo)lidas com maestria: eu sei da poesia e inclusive do seu grand finale - sei do jogo bem jogado, Moço dos trinta. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">te mordo leve, bem leve,</span></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><em><span style="font-size:85%;"></span></em></div><div align="justify"><em><span style="font-size:85%;"></span></em></div><div align="justify"><em><span style="font-size:85%;">''Ela saiu da livraria (só agora me dou conta de que era como uma metáfora, ela saindo nada menos do que de uma livraria) e trocamos duas palavras e fomos tomar um copo de pelure d'oignon num café de Sèvres-Babylone (falando de metáforas, eu era porcelana delicada recém-desembarcada, HANDLE WITH CARE, e ela era Babylone, raiz do tempo, coisa anterior, primeval being, terror e delícia dos inícios, romantismo de Atala, mas como um tigre autêntico, esperando por trás da árvore). E, assim, Sèvres foi, com Babylone, tomar um copo de pelure d'oignon, olhamos um para o outro e penso que já começávamos a nos desejar (mas isso foi mais tarde, na rue Réaumur), e sucedeu um diálogo memorável, absolutamente recoberto de mal-entendidos, de desajustes que se solucionavam em vagos silêncios, até que mãos começaram a marcar, era doce acariciar as mãos, olhando um para o outro e sorrindo, acendíamos Gauloises na ponta do cigarro do outro e vice-versa, esfregávamo-nos com os olhos, estávamos tão de acordo com tudo que era até uma vergonha, Paris dançava lá fora, nos esperando, tínhamos acabado de desembarcar, começávamos a viver, tudo estava ali, sem nome e sem história (particularmente para Babylone, e o pobre Sèvres fazia um enorme esforço, fascinado por aquela maneira com que Babylone olhava o gótico sem colocar-lhe etiquetas, com que andava pelas margens do rio sem ver passar os drakens normandos). Quando nos despedimos, éramos como duas crianças que tinham se tornado estrepitosamente amigas numa festa de aniversário e que continuavam olhando uma para a outra enquanto os pais as puxavam pelas mãos, arrastando-as para a rua, e isso é uma dor doce e uma esperança, e sabe-se que um se chama Tony e a outra Lulu, e basta para que o coração seja como uma fruta, e...</span></em></div><div align="justify"><em><span style="font-size:85%;">Horacio, Horacio.</span></em></div><div align="justify"><em><span style="font-size:85%;">Merde, alors. Por que não? Falo daquele tempo, da Sèvres-Babylone, não deste balanço elegíaco no qual já sabemos que o jogo foi jogado.''</span></em> </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">(Página 490, Capítulo 93 - O jogo da amarelinha, Julio Cortázar.)</span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-55406421879627579092009-05-31T11:50:00.003-03:002009-05-31T11:54:56.022-03:00A castidade com que abria as coxas<div align="left"><span style="font-family:verdana;">"A castidade com que abria as coxas</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">e reluzia a sua flora brava.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Na mansuetude das ovelhas mochas,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">e tão estreita, como se alargava.
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Ah, coito, coito, morte de tão vida,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">sepultura na grama, sem dizeres.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Em minha ardente substância esvaída,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">eu não era ninguém e era mil seres
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">em mim ressuscitados. </span><span style="font-family:verdana;">Era Adão,</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">primeiro gesto nu ante a primeira</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">negritude de corpo feminino.
</div></span><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">Roupa e tempo jaziam pelo chão.</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">E nem restava mais o mundo, à beira</span></div><div align="left"><span style="font-family:verdana;">dessa moita orvalhada, nem destino."</span></div><div align="left"><span style="font-family:Verdana;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Verdana;">(Carlos Drummond de Andrade in O amor natural)</span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-65568117389030501722009-04-11T03:01:00.006-03:002009-04-11T03:23:40.248-03:00Eco<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">A noite anterior quis me alertar sobre os capítulos que me desfaço antes mesmo da mão envolver a caneta. A noite tossiu tuberculosa. Tosses evocadas de gritos ainda colados às paredes que outrora protegiam a minha rebeldia adolescente. Não é verdade que todo o meu passado me possui. A ilustração é de uma ponte perfurando o meu ventre: é possível que se atravesse sem maiores repercussões. Um palco para escândalos que se locomovem para o longe-cego. É defeituoso o processo de existir cabendo nos dias em seqüência. Costumo filtrar tão mais fundo o sulco de uma fantasia do que o contrário. Faço filme do sofrer sem o cenário das causas. Falta substância nessa coisa que passa e que dizem perdurar inconscientes encarnados. O alerta notívago me impede a calma - eu sei sentindo o vermelho dos olhos -, mas é menos pesado ter o vazio em mãos do que a própria caneta. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">-- Que a noite me tenha sem delírios de mim.</span> (sussurro dito sem quase haver movimento de lábios)</div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-37663618668771345512009-04-04T14:11:00.005-03:002009-04-04T15:03:47.241-03:00Sobre Verborragia Paralítica<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">(cinco páginas & meia de confissões de mercúrio resolvem morada no vão da unha esquerda do meu primeiro pododáctilo)</span></div><div align="justify"><span style="font-family:Verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Verdana;"><strong></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Verdana;"><strong></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Verdana;"><strong>o avançar se dá em camadas internas quando os pés falham. deitada em mim, do outro pouco sei as </strong></span><span style="font-family:Verdana;"><strong>aparências. o outro inclui toda uma vida de começos e fins - então me salvo. não escrever para que haja mais sono, pois.</strong></span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-79162336472286517872009-03-09T01:40:00.010-03:002009-03-10T00:13:29.868-03:00Tanto Teto Tudo Tato<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">É que quando chega às 3h37 e do sono nem sinal, fico pensando no infinito da madrugada enquanto o teto cobre a tua cabeça e a minha. E ainda em como é o teu teto; se paisagem para a insônia, se só como se fosse o cobertor de veludo para alguns sonhos & outras anas na cama. Mas tanto faz. Mas tanto teto faz com que eu fique assim, pensando tanto no teto. Talvez seja o medo de domingo, mais pavor do que fobia. Ou não. Talvez eu minta. Acho que a madrugada rouba a boca, o nariz, os olhos dos rostos para a singularidade ficar sem tato. Nem teto. Ou nem tanto. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Num plano transitório, a dimensão das coisas não-físicas vai tomando o vazio espacial à proporção que o tempo diminui e, então, a madrugada torna o ser um gerúndio. Um <em>sendo</em> branco esclerótico & polinômio, embora carente de características. E que anda, caminha lento de uma esquina a outra pelo quarto, atravessa a janela permanecendo estátua de gente nenhuma & sem data na linha do tempo dos livros de história, e que dedilha estrofes de poesia ao passo que as entonações das entrelinhas apenas são permitidas dentro do branco esclerótico & polinômio pois, lembre-se, não se tem mesmo boca. E porque é madrugada. Tudo tão perigoso e muito mais cruel. E agora cabe a fobia, por ser o medo mórbido sobre algo específico. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Nada no tudo do mundo é tão específico quanto a madrugada, a tal noite alta num silêncio-violino. Quando não é assim - alta madrugada violino noite silêncio -, a vida tira o pijama, troca o vestuário, escova os dentes, pega o ônibus, vai à faculdade, lê Jung, Freud, Psicologia Social, entra no ônibus mais uma vez, passa na farmácia, depois no bar, chega em casa, ouve blues, toma banho, lava a roupa e a louça, dobra e passa a roupa etc.; a vida vive sem quase reparar no relógio. Aí - não num repente mas é sentido como se assim de fato fosse -, o plano transitório & os olhos, boca e nariz fora da órbita usual. Do ser, um <em>sendo</em>. E, a partir do que foi aludido, por exemplo, o ânimo enigmático para a dimensão física do teto que acaba por tirar de cena qualquer ciência incontestável. É na madrugada que se duvida e que a vida toma partido sobre o que marcam os ponteiros. A crueldade ganha a intensidade do superlativo com o seu próprio radical somente no silêncio-violino, podendo, então, ser a crueldade cada vez mais cruel na medida em que o plano transita. 3h37 pode ser fatal na sua infinitude. Atrofiem os ponteiros para que não haja a dança, somente a música do violino sem cordas, sem arco nem mãos. Sem tato, portanto.</span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-29213675494873686072009-03-03T00:41:00.005-03:002009-03-03T00:49:38.612-03:00Lavanderia<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">se o gelo é de água idosa, o uísque tão amadeirado se prosa
</span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">se na máquina de lavar o branco vai com o colorido, de palhaça me visto
</div></span><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">se o tempo é de um sim e tantos nãos, o peito like a rolling stone</span>
</div><span style="font-family:verdana;"><em></em></span><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"><em></em></span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;"><em>''when you got nothing, you got nothing to lose; you're invisible now, you got no secrets to conceal! how does it feel (how does it feel) to be on your own with no direction home? like a complete unknown? like a rolling stone?''</em></span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3738138275648692141.post-17458358845299505412009-02-16T21:31:00.004-03:002009-03-03T00:52:06.770-03:00Quando bate o eco mudo na cidade<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Os sapatos pisando em falso na crise liquidada. Quantos dois-mil-e-doze faltam para o fim? Não faz verão dentro das costelas; solitária andorinha. Que pendurem a velhice dos calendários na parede. Que minimizem a liberdade à nudez. Que seja como não era, contudo, quando bate o eco mudo na cidade Cérebro, é a sempre vontade de um uísque somado a carteiras e carteiras e carteiras de bastonetes de tabaco que me pendura na cruz do avesso. E não é suplício suicida, nem propaganda do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">self</span> em cubos de gelo <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">antártico</span>. É <strong>u m d i a</strong> de fogos arco-íris para a constatação das próximas vinte e quatro horas com síndrome de não prosseguir. Que é que há com o meu sonho acordado? Com as <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">Ritas</span>? As <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">Linas</span>? Com as inspirações que embaraçam os pisos no percurso até o telefone tocando (tocando, tocando, infinito)? Que é que há com a coragem das olheiras sábias? Com o amor-próprio durante o banho milenar? Que é que há com o pontilhado nítido antes do líquido que chora os olhos? Que é que há com você, humano? Para onde levou o pedaço de pedra cintilante que me <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">direcionava</span> os dedos indicadores? Que era o anel-bússola que me descortinava os dentes num riso? Quando tudo vem, a loucura, quando tudo vai, mais loucura, quando tudo mar, eu vou não querendo vir. E se fossem ondas de uísque, para que o eu? Se fossem fossas de uísque, eu não mais sou nem <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">soul</span>: eu-é, eu-ela é, eu-ele é, eu-nós somos. Eu-você me é? O grito existencial é o copo amargo com os 12 anos patinando no gelo, é também fumaça com sangue. A rouca voz <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">fode</span> o silêncio. Toma teus filhos que bebem os meus corações pelos meus seios opacos. Vê que as nossas crianças já nasceram dando passos? Haja crise liquidada. Viva os sapatos que pisam em falso! Ora, felizes três anos para o então dois mil e doze; somente a <em>você</em> a felicidade, somente a <em>você</em> o ano dois mil e doze. Este é o meu último vestido a perambular fundo na cidade Cérebro; não é mágico? </span></div>Rebecca Loisehttp://www.blogger.com/profile/04426461665395523522noreply@blogger.com