Simulando dois navios naufragados, os tapetes de pele envoltos aos meus olhos derramados. Eu devia estar me sentindo tão calcanhar despido em gelo e escamas que imaginei a tua fraqueza conduzindo os meus impulsos derretidos somente por não caberem. E te vi sentado numa calmaria que nunca tua, assistindo o filme dos papéis que engravidam vozes de mim. Tu me secavas a vida que me estampava o choro na escuridão desejada do cinema. A vida que é o meu sintoma cognitivo maior. Os muitos cavalos galopando o meu pouco espaço. Eu estava prestes a explodir quando te criei tão real ao alcance de minha alucinação amiga. É que eu me proibia de amar em desatino as montanhas invertidas. Dava-me ordens como não me despir nem em banhos diários. Avesso de mim servindo de proteção aos tecidos. O que era mim-eu-dentro-alma-âmago-me-sangue deu de facas à intimidade sabida anônima. E tu tens a mim como sendo invenção nunca existida. Então te inventei para que me inventasse, para que despisse o avesso e depois as minhas vestimentas, para que a minha estrada mais funda pertencesse a tua cabeça libidinal mais instintiva, para que, junto a mim, tu te tornasse também navio naufragado; embora um navio naufragado em gozo possível de montanhas invertidas.