terça-feira, agosto 05, 2008

Uma lira desvirgem (deflorar: de flor em ar)

por favor,

enfia folhas plácidas

amarradas por cadarços,

ou que via de regra sejam

escritas com sangue e pena

e tenha pena, por favor

ou não há acordo com a minha paz

nem com o terno do termo abreviado

que senta e muito faz na procura pelas pernas

para serem cruzadas

(é medo dos olhos que comem os olhos)

(ou das mãos que tateiam os teus dedos e vagina)

o sino na crista da amargura alucinada - que sina

disfarçar é a minha dignidade – que nada

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minha,

saio berrando o que não tenho na goela

tua,

cela cancela o ela e fica mim, eu, sentido

o susto afunda umbigos

morra comigo?

se respeitares este pedido,

a tua rima será deflorada

a raiz extirpada

e os teus papéis rabiscados

boicotados, atirados lado a lado

obrigados a queima do meu trago

saído

fundido

indo

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buscar a tua pureza no quadro branco

que é silêncio

(este que forjo com a corja das sílabas-marias

que de virgem só carregam o oco da solitude

numa euforia ranzinza)