quinta-feira, julho 31, 2008

Aceita estes galhos mortos

Aceita estes galhos mortos

colhidos no cimento ácido.

Quiçá as solas dos pés

rachados

ajudam-me a fuga deste monólogo.

Doem em ti as rosas?

Perfuram-te as âncoras

de um amor que manifesta o labirinto?

Os caminhos dançando a valsa.

A cortesia da textura das pétalas

era para servir a tua raiva da entrega:

teu coração em vitrine.

A bailarina de mim te concedendo

a paralisia.

Tu estátua jacente,

revelando o desconhecido do imediato.

Que é preciso o abismo

tu nunca ousaste entender?

Que assim há o casamento

da eternidade com a respiração mortal

tu nunca ousaste sentir?

Se rosas não te enfeitam,

aceita estes galhos mortos

colhidos no cimento ácido.

Dissolverei o labirinto

ao declarar que me encontro perdida.

Não há qualquer rumo

quando se dorme os sentidos,

quando o silêncio de uma protagonista voz

sequer se ouve interpretando o seu papel.

Aceita estes galhos mortos.