sexta-feira, julho 31, 2009

Terça-feira, 29 de Julho de 2008

Censurei as muitas cadeiras sendo livres, o maior número de mesas reinando apenas um ou dois casais de garrafas de cerveja, os garçons conferindo as unhas ou agarrando o cansaço de não ir e vir com cardápios, pedidos, copos, cinzeiros e porções ao cruzarem os próprios braços.
Havia toda uma desventura em existir naquele domingo de inverno antártico, numa Augusta carnavalizada por desapegados enjaulados em raízes d’alma, amanhecendo a perdição nos balcões desesperados por lucro – o meu infortúnio abrindo e fechando os caixas.
E censurei alguns rostos que se portavam fielmente à altura da incompreensão de meus olhos ou do escândalo da freqüência dos cigarros na minha mão seguida do pulso sem o peso do relógio. A mão que não fossem o teu mindinho e polegar maiores ou não fosse o meu dedo médio avantajado seria de dimensão idêntica à tua, e os cigarros que não fosse a prontidão do isqueiro que me presenteaste seriam acesos pela combinação gás e faíscas de meu fogão. É certo – e moralmente inadequado – que continuo a desvida de meu tabaco por ti, mas tu pouco fazes noção que a minha ida à cozinha por suplício à ardência da chama era a esperança de me esbarrar contigo pelo corredor.