segunda-feira, novembro 09, 2009

E se tu me (...)

Eu queria me inventar outra para que tivesses em mãos uma coisa certa e calma. Diferente do destrambelhado funcionamento dos meus pensamentos fluidos, da desorientação dos meus olhos de veias vinho-chassis bem delineadas, do preparo do avesso que em vão tento para te receber. Talvez tu devesses captar o grosso que me custa para então sorrir.
Não é tão pura a manhã da minha janela. Aliás, saibas tu que manhãs que me dão calafrios. Detesto que o mundo combinou o sol do leste com o despertar do que é vivo. É ofensivo dividir o que se é com toda uma conspiração de humanos, prédios, carros, fábricas indo e vindo e sendo. Embora, sim, o maior castigo seja o enfrentamento que se força à manhã e reconhecer nisso tudo a impossibilidade do toque. Eu não possuo a manhã. Tampouco o contrário. Somos, a manhã & eu, inimigas mútuas em presença. (E fãs cegas uma da outra em ausência.)
Hoje sinto vontade de me maquiar para ti, mas estou sem olhos. E se tu me emprestasses os teus?
Sou a mitologia de deuses mortais & anti-heróis.