sexta-feira, agosto 08, 2008

O calendário dos velórios

Quedou os próprios pés
No ácido líquido de lágrimas
Saídas de seios em galé
De mulheres grisalhas
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Ritmo kitsh de uma velhice
Nascida de um acúmulo oco
Ganhado no troco do que, tu viste
Belzebu deu pouco, um amanhã e teu olho

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Para injuriar colméias assassinas
Da esperança transfigurada na esquina
Da ordem mesquinha: vida e morte, morta-viva
Dos anônimos que lhe amputaram a sisudez das pernas

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Enchiam a bacia que tu guardaste os dedos polimorfos
O leite materno de berço
Das grisalhas rezando o teu começo
Num velório em vinho; o teu antigo remorso

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De transtornos bêbados na incoerência
A dama violenta te encanta na dança
Que louva teu rancor pávido
Rebolo o osso, te arrepia o dorso pecaminoso

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Te pendura as patas, Felino
No cenho de um escaravelho
Te cospe o excremento no teu caminhar coxo
Te ri o eu ao espernear o teu hino, Felino, de adeus

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(Na missa sem Deus
Na armadilha do fim teu
Tumba tua, de Julieta e de Romeu)